sexta-feira, 1 de julho de 2011

“A liberdade é defendida com discursos e atacada com metralhadoras.” Carlos Drummond de Andrade


É extremamente assustador o fato de estarmos habituados a agir de uma maneira imposta por “superiores”, os quais comandam a sociedade na qual estamos inseridos. Visamos insaciavelmente um desenvolvimento. Mas o que é realmente desenvolver? É estarmos cada vez mais robotizados, agindo, pensando, falando e refletindo do mesmo modo? Deixando-nos moldar para que a sociedade torne-se “perfeita” aos olhos dos “maiorais”? Aqueles que em cujas mãos concentram-se as riquezas, nesta nossa sociedade desigual.    
Estamos introduzidos nesta sociedade restrita, na qual torna-se cada vez mais nula a possibilidade de se haver liberdade de expressão, por mais este seja um desejo comum.  
Não pode-se dizer que não estamos inclusos e ativos no sistema, pois todos nós estamos, não há como escapar disso. Fomos “civilizados” e estamos tão acostumados a viver dessa forma, que é como se dependêssemos disto, tornando-nos peças programadas para fazer sempre a mesma coisa, e visar sempre o mesmo objetivo.
Somos impedidos de viver livremente, de sermos felizes sem bens matérias, contemplando e nos deslumbrando com o belo e com os deslumbrantes presentes proporcionados pela nossa natureza. Somos projetados para ignorar a beleza das coisas simples, e como que de olhos vendados para tal, valorizamos apenas o material.
Você já parou para pensar em como seria melhor se tivéssemos liberdade o suficiente para agir do modo como pensamos ser o correto, sem que precisássemos preocupar-nos com opiniões alheias e/ou regras e leis? Convenhamos nem sempre o que devemos seguir visa algo além de aumento no giro de capital, nem que para isso tenha que se destruir bens que deveriam ser preservados.
Agora, pergunto: Onde está nosso vasto verde? Nosso limpo céu azul? Será que estes foram embora juntamente com nossa sanidade? Nossa sensatez? Nossa sabedoria? Nossa humanidade? Nossa alma? Pense nisso, será que somos realmente civilizados?


"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver". 
Amyr Klink in "Mar sem fim: 360̊ ao redor da Antártica”; Publicado por Companhia das Letras.